- Como é por dentro outra pessoa?
- As vezes cheio, as vezes vazio, as vezes quente, as vezes frio...
mas a maioria, ao que parece, é só por fora!
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Inadiável questionamento de Isabella
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Os "se"
Se é pra ser amor, que seja lindo
domingo, 14 de novembro de 2010
Manuela
Manuela foi e não foi volta pra casa
pra arregar o almoço e saciar o umbigo
que pálido e sujo cola na costela
que enclausura as lombrigas
num retiro casto de leite e gordura
Manuela amarela corre descalça nas vielas da vida
saltita feito mula no lixo da feira do sábado de manhã
bem dizendo a dádiva divina que lhe faz correr
anda Manuela pelo meio do mundo de uma rua só
colhendo memórias e semeando lembranças
nos outros e outros que vêem Manuela só sorriso passar
Manuela não calça patrão algum
ela não pede nada, não mendiga, nem cheira o suvaco alheio
Manuela tem o dom não terreno, coisa super estranha
de gente de fora da terra, de gente de fora do mundo
de gente de outro lugar
Manuela cativa tão forte, tão rápido
gente que nunca viu Manuela na vida
por pura identificação das almas
coisas dos olhos que ninguém entende [é coisa só sentida]
Manuela não sabe contar mais que cem carneirinhos pulando a cerca
nem sabe se cerca é com "C" ou com "S"
mas Manuela sabe o que é perto e o que divide
sabe o que separa e o que junta
e sabe da impossibilidade da transferência de sentimentos por osmose
Manuela é menina esperta, menina sabida
que sabe mais coisa da vida do que todo mundo dessa sala
todo o mundo desse mundo
sabe mais coisa que todas as estrelas do universo
porque Manuela que é Manuela
já desistiu de contar e saber de tudo
pra descobrir que mais importante é o que se sente
das pontas dos dedos ao fundo da alma...
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
coisa de menina | meu amor primeiro
mesmo verso impresso feito a hidrocor
em papel de carta e envelope igual
mesmo tom pastel, sem tirar nem pôr
carta com sabor, morango [artificial]
corre e põe a carta sobre a mesa
e se afasta faceira a espreita do que vem te apanhar
arregala o olho e aperta o peito
como na espera de se espalhar
[se jogar leve e solta para um beijo mexicano
para um olhar de aprovação de seu príncipe de aparelho]
tenso...
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
As sobras.
Me despi.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
temperamental
Atrás de uma flor e uma dor que desse a seu amado.
O amor jogou-se da primeira janela, a cair no jardim
Quebrou o pé e ficou a toa, rindo e chorando sem fim.
Encontrou as roseiras, os cravos, as tulipas.
E voltou com uma pá numa mão e na outra, um botão
Ele queira agora um jardim dentro de casa, dentro do coração.
O amor é um infante, um perdido, um inconsequente
Desses que agente teima em não viver, e se vive, não entende.
O amor as vezes ri, as vezes conta piada,
As vezes mente, as vezes grita de raiva,
Quase sempre morre de saudades, nao tem a menor noção de tempo.
O amor acordou noutro dia ansioso pela primavera
E que decepção a sua de ver o jardim só de mudinhas
Emudeceu, escureceu, se enfureceu
O amor se apressou, e se entristeceu
E pensou que tinha feito algo errado
Mas não soube que seu erro foi de ser tão avexado
Ainda tinha alguns dias pra aguardar o resultado
E presentar todos os dias aquele seu amado.
O amor tanto chorou, pelo pé machucado, pela dor que agoniava
Por não ver solução em agradar a quem amava
Pôs-se a cantar tristemente e com arrependimento
A canção que lembrava seu desalento
A cantar assim triste, de repente lembrou-se
Que seu amor gostava de música e não só de flores...
Entoou seu vozerão e fez logo uma canção
Aguardou o dia certo, para mostrar-se bonito
Foi cantar que seu amor duraria o infinito
Encheu-se de perfume, de carinho, de devoção
Chamou o seu amor para um encontro, então
No jardim lindo e florido, declarou-se finalmente
O amor não demora, mas o faz tranquilamente
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Dos amores que tive e tenho...
Em tudo que sucede Abril...
Azedo
Diz que é azedo o sabor dos teus dias
pois que essa doçura tua é estar em cela
feito cana doce, feito cana pura
embreagante travessura
que culmina em mordida na orelha
[priva-me que um dia te alcanço, viajo, viajo...]
Loucura
Diz que é loucura te beijar a boca
pois que o ato grava na testa a índole
feito carimbo e letreiro, feito atestado de óbito
irresistível aventura
que culmina em caixas e lembranças
[como na promessa de não ser jamais, apenas portas fechadas...]
Ameno
E do acaso tive a sorte de ser tu resposta
para um miolo contido, retido, trancado
fez do amanhã distante um 'só para viver o hoje'
fazendo da dança da vida um múltiplo orgasmo
ao respirar teus ares como te consumindo
te absorvendo, te englobando, te sentindo
pois que o amor mais ameno é o menos ameno de todos
pois treme, rasga, grita, incontrolável e pungente
nos corpos, nas almas, nas mãos
e culmina no toque suave das pontas dos dedos
[na promessa de ser dalí em diante, em diante, em diante...]
pois nos amores mais amenos o para sempre inexiste
existe apenas um e outro e mais nada...